terça-feira, 4 de março de 2014

Análises criticas - o retorno!

O Carnaval! Ah o carnaval, jurei na virada do ano que eu seria uma pessoa mais flexível, que respeitaria os gostos e vontades alheias até porque todo mundo tem o direito de chorar suas próprias lágrimas e rir seus próprios sorrisos, mas o carnaval... ah, o carnaval não deixa, esse ano, até pra cumprir a promessa de me manter o menos rabugento possível, decidi não ver o carnaval, chega de Maurício de Nassau, chega de sambas que vc só entende depois que a Marisa Monte grava, chega! arrumei uma boa seleção de filmes e na companhia da minha mãe assisti a todos enquanto ela dormia no sofá do lado! Achei que dessa forma estaria imune a grande festa do povo que todo brasileiro ama de paixão: o carnaval!! O mal (e talvez a vantagem) de ser brasileiro, é que no carnaval, onde quer que você vá, você não escapa do carnaval! Houve alguns anos que tentei me refugiar na igreja, mas ai inventaram o carnaval de Jesus! Mas deixa isso pra outra análise! Hoje liguei minha TV na esperança que a programação já tivesse voltado ao normal, me deparei logo de cara com o compacto do desfile das escolas de samba do Rio, sempre cheias de luxo e de coisas incríveis!! Quem disse que no Brasil as escolas não funcionam? Pelo menos as de samba estão sempre muito bem amparadas! na transmissão do desfile Fátima Bernardes, Chico Pinheiro, uma voz que identifiquei como Tiago Leifert e outra que não me pareceu conhecida, um tanto afeminada porém masculina, (não é homofobia, o Costinha fazia um monte de piada de homossexual e o Ari Toledo também e ninguém nunca encheu o saco deles), num determinado momento aparece na tela uma passista tremendamente gostosa dessas de arrasar quarteirão, e a voz desconhecida, masculina porém meio afeminada observa: Vocês viram que luxo a cartola Moulin Rouge da passista? E ai eu faço uma pausa: amigo na boa, uma passista daquela corpo perfeito, seios firmes e redondos, trajando o mínimo de roupa possível e eu vou lá reparar em uma fucking cartola de moulin rouge! (nem sei como se escreve essa merda), o lance é o seguinte, não gosta, não entende, não sabe, cala a boca e não comenta, aliás nem sei se ela tava de cartola! Depois de refeito do susto, sai da sala e vim pra net, as vezes aqui você fica imune ao carnaval e as cartolas moulin rouge, mas quando voltei pra sala estava passando a apuração das escolas de samba de São Paulo! Comecei a assistir, gosto de ver se sai alguma briga, mas nos últimos anos eles estão se comportando bastante, Enquanto aquela voz grave ditava as notas (aposto que vocês ouviram ela dizer: Vai-Vai nota... novee e meioo), Tramontina e Paula Lima davam ao evento a importância da eleição do Papa (ou se você não é católico de qualquer outro evento importantíssimo que vai mudar o mundo), Até que em determinado momento, talvez levada pela animação do Carlos Tramontina, Paula Lima decretou: Carnaval é coisa séria!... silêncio na minha sala, sou historiador, acredito que qualquer manifestação popular (inclusive o funk carioca) seja cultura, seja o reflexo de um povo, se a cultura é sofisticada, povo sofisticado, se a cultura não é sofisticada... (e não confunda sofisticação com dinheiro, não tem nada a ver) bom, o carnaval é coisa séria! Achei que era o momento que o país se divertia (ainda que com excessos e selvageria como sempre), mas nunca tinha imaginado o Carnaval dessa forma, talvez fosse uma boa desativar o ministério da saúde e criar um ministério do Carnaval, ou quem sabe tirar a verba da educação e passar para as escolas de samba, afinal é tudo escola mesmo né? Senhora Paula Lima: admiro você como cantora, mas o carnaval não pode ser coisa séria num país onde nada é sério, onde faltam escolas, hospitais, vergonha na cara e por aí vai, num país onde o político rouba milhões eu achincalho o político e não devolvo o troco a mais que o cobrador me deu no ônibus, num país cheio de contradições, gestos e atitudes estúpidas tanto dos que tem conhecimento quanto dos que não tiveram oportunidade de ter, num país violento e indigente, num país onde a grande maioria das suas grandes capitais é porca, onde se joga pela janela do carro bituca de cigarro! Não dona Paula Lima, o carnaval não pode ser mais sério que a falta de educação de quase 100% da nossa população seja no trânsito, nas repartições públicas, nas urnas, não dona Paula Lima o carnaval não pode ser tão sério quanto nossas crianças de 15/16 anos que não sabem ler, que não sabem interpretar um texto de mais de 20 palavras e por isso escolhem o funk pra se expressar, não pode ser mais sério que a manipulação da mídia sobre a classe média brasileira, e em especial sobre a classe média paulista (e paulistana) transformando-a na parte mais reacionária da população, um bando de ignorantes travestidos de conhecedores da solução de todos os problemas do país!! É dona Paula Lima, antes ouvir 50 sambas falando do Mauricio de Nassau do que ouvir seus comentários, afinal este já está morto e não pode abrir a boca pra falar besteira!!! (em tempo: não ouse se aventurar ano que vem pela avenida com uma cartola Moulin Rouge, você já prestou desserviço demais pro nosso país) Obrigado aos que leram! Beijos!